sábado, 9 de janeiro de 2016

Exercício

Me apego a certa lembrança, a única.
Metonímia de você
Vivificada e vibrante.

Objeto

Me apego a certo objeto, o único.
Metonímia de lembrança
Você, vivificado, mas dormente.

Toco certo objeto, o ponto.
Pingo limão na ostra inamovível
Ato sofrível, mas de desejoso palato.

O seu orifício, antes dormente,
Agora vivificado,
o orifício a contrair-se ao meu toque

- Eu o engulo!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Pornô XIV

O apartamento vazio. Só o meu nonsense e o conselho do meu amigo ocupando o espaço entre paredes-intracranianas: ”Foda num apartamento vazio, parece que você está fodendo com várias pessoas ao mesmo tempo!”. Sim, basta outro corpo para que queiramos vários outros corpos em núpcias. Porque deveras tudo se multiplica: os gemidos reverberam em ecos, o cheiro manifesta-se evolado como fumaça de incenso e tudo o que é fluído apresenta-se como veios, vertentes d’água brotando e intumescendo abundantemente o que penetra e o que será penetrado. Nos percebemos submersos, inundados, confundidos em líquido; depois somos jogados pela arrebentação numa encosta rochosa e permanecemos lá, também rochosos, até recuperarmos os sentidos e nos compreender separados, únicos, num apartamento vazio.


Pornô XIII

Ele disse que ia perder a virgindade do cu comigo, exprimi um sorrisinho cínico e hipócrita que refletia meu pensamento: vai ser minha putinha! Vou arregaçá-lo, deflorá-lo, desbravá-lo, tirar a sua pureza com meu pênis, com minhas mãos, com meus pés (o pé do anjo por baixo da saia enquanto Santa Tereza se extasia)... mas o mais importante é a penetração do pênis desconsiderando qualquer sinal de dor, impondo-lhe toda a minha macheza, porque serei ativo e ele passivo, meu passivo e minha putinha, inferior a mim, mulherzinha de macho. 

Já era alta a noite e buscamos um hotel no centro da cidade. Subimos uma escadinha de um hotel que cobrava cinquenta reais a pernoite. Ele ficou de costas esfregando sua bunda no meu pau e todo o seu corpo trejeitado para me seduzir, mas meu pau não levantou, brochei. Então ele me tomou e jogou na cama, baixou as calças e me meteu seu pau enorme sem que eu tivesse escolha, sem que eu pudesse dizer o que sentia, sequer me beijou ou disse coisas carinhosas. Ele gozou e eu chorei.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...